sexta-feira, 20 de janeiro de 2017



DORES DO TUDO


Eu sempre julguei que eu,
Era a única pessoa no mundo
Existindo tão cheia de pesar,
Que sofria por conta de tudo

Que só eu era a estranha
Que vivia pelos cantos, a cantarolar
Versos de uma canção antiga,
Tão sofrida, que me faziam chorar

E eu, ainda era tão menina
Quando piamente cria
Que tudo era essa dor tão doida
Que nunca iria cessar.

E como eu, a achava estranha
Quando de fora, a via passar pela rua
Venerando uma dor tão tamanha
Olhando estrelas, contando luas

Perdida em meio a tantos livros
De amores que contavam histórias,
Ao seu pequeno coração aflito
Que já as tinha na memória

E como o conhecido eu, sofria
Tamanha, agigantada contrição
Rasgava- me o peito, não cabia
Fazia sangrar por medo, a imaginação

Pensava, questionava
E chorava por tudo e com tudo!
Por suas dores, lamentava
Dilacerava-a, as do mundo!

 E escrevia tantas, velhas páginas
Amareladas, molhadas pelo mocinho
Que sempre morria e me levava consigo
Afogada, por minhas próprias lágrimas

Mas era só um filme
E eu sempre retornava ali
Aonde residia a dor
Que por inteligência, define
Que há sobrevivência
Ante a tamanho pendor

E eu estava ali, e ainda estou
Tão perdida dentro de mim mesma
Reunindo os cacos do que sobrou
Revolvendo a devida dor alheia

Retornando ao canto da minha vida
O mesmo tom ditando um novo eu
Ainda tão sozinha, tão perdida
Em um planeta que não era meu,
Era o teu!

Menino estranho e perdido
Que carrega no peito e consigo
As mesmas, minha dores,
De amores ... Do mundo!

 E saber da tua existência
Traz a mim, à consciência
O último fiasco de esperança
De que o peso já não me seria tanto

Conveniente, complacente e oriundo
Se enfim, eu repartisse na balança
As dores, as minhas, as do tudo!

Viviane Ramos


domingo, 8 de janeiro de 2017